quarta-feira, 21 de junho de 2017

Quanto mais caro o tênis, mais risco de lesão ele oferece


         Triathlon é um esporte caro, isso não resta dúvida. Você precisa investir em equipamentos para três modalidades diferentes. Dessas três, a mais barata é a corrida. Tem que ser a corrida. Deve ser, obrigatoriamente a corrida. Do que precisamos pra correr? De nada. Uma criança pelada é capaz de passar o dia correndo de um lado pra o outro.  Porque correr é algo natural, inerente à nossa espécie. Devido aos apelos da modernidade e ao modo de vida atual, somos quase que obrigados a correr com os pés protegidos. Ah, e com alguma roupa, claro. É aí que entra o bendito tênis.

Leve, barato e confortável
         Hoje, quarta feira, é o dia mundial de tiros na corrida.  Raros são os triatletas que não fazem esse tipo de treino no dia de hoje. Como falei no último post que fiz, estava com dois pisantes na fila de espera pra estrear. Ambos do mesmo modelo. Peguei, entretanto, um mais surradinho, também da mesma marca. Tenho, na verdade, quatro pares iguais. Quer dizer, quase iguais. Porque a lama e a poeira fez com que os branquelos mudassem de aparência. O último que adquiri, que ainda está etiquetado, custou a bagatela de R$ 49,90. Esse modelo é disparadamente o melhor que encontrei no mercado.  É leve, confortável e barato. Alguém tem algum modelo que possa provar ser melhor do que o meu? Não venha, contudo, dizendo que “acha” isso ou aquilo. Achando morreu um jegue, já dizia o adágio lá do meu Nordeste. Entre um bom curandeiro e um bom médico, opto sempre pela segunda opção. Porque sou favorável ao cientificismo.
 
Mesmo modelo
          “Gile, o meu é pra quem tem pisada pronada”, diz um colega um. “E o meu é pra pisada supinada”, garganteia outro. Tudo conversa pra boi dormir. Gente, não há ciência por trás dessas informações. O que há por trás é uma indústria mais preocupada em vender design e conforto do que melhorar a qualidade de nossa corrida. Já reparou na quantidade de atletas lesionados que usam tênis caríssimos? Quanto mais caro o tênis, mais risco de lesão ele oferece. Em contrapartida, arisco dizer que tênis barato causa menos lesão. Será por isso que não sofro com elas? “O quê, Gile????!!!!”. É isso mesmo, meu chapa. Ao menos tem estudos provando isso. Hahaha.  Só pra botar uma pilha, aí vai um trecho do livro O Treinador Clandestino, escrito pelo Danilo Balu.

         “Os corredores usando tênis caros estariam 123% mais propensos a se lesionar que corredores com tênis mais baratos. Isto foi o encontrado em um estudo já citado aqui e conduzido por Bernard Marti da University of Bern. Marti e colaboradores investigaram 4.358 corredores na Bern Grand Prix, o que surpreendeu a equipe foi o fato de que a variável mais relacionada com lesões não era a superfície de treino, a velocidade, a quilometragem semanal, nem mesmo o peso corporal ou o histórico de lesão, mas o preço do tênis. Corredores com calçados que custavam mais de U$95 eram duas vezes mais propensos a se machucar do que os corredores com produtos que custavam menos de U$40. Os pesquisadores constataram que “usuários de tênis caros (...) se lesionam significativamente mais frequentemente que os corredores que usam tênis baratos”7, 39. Podemos citar ainda um estudo de Steven Robbins que encontrou que tênis caros não compensavam um maior investimento, podendo mesmo aumentar o risco de lesões40”. Pg 53.

          Estou ciente que tênis barato não significa automaticamente que seja melhor, mas não tenho dúvidas de que tênis caro não tem qualquer relação com ser melhor. Bora estudar o assunto, então, rapaziada. Caso contrário, seremos marionetes na mão da indústria. See you. 

E o treino rendeu, graças ao meu poderoso pisante de R$ 49,90



segunda-feira, 19 de junho de 2017

Um tendão forte vale mais do que um caminhão de tênis de ultima geração

 
Com furo na lateral e sem palmilha
        A semana começa com uma brusca variação na condição climática. Semana passada foi tranquilo fazer os treinamentos outdoor. O tempo seco favoreceu bastante e a temperatura ficou quase sempre amena. Hoje, quando acordei às 6h30, olhei pela janela e pude ver que a escuridão da noite relutava em partir. Chovia, ainda por cima. Optei por correr próximo ao meio dia, buscando a hora mais quente. E foi mesmo – 120.  Apesar de ter comprado dois novos tênis, preferi um mais surrado pra encarar o lamaçal. A respeito dos tênis zero bala que estão na fila de espera pra serem pisados, falarei em outro post. O velho pisante que usei hoje é o mesmo que corri a maratona do Ironman. Comprei ele na feirinha do Iron de 2015. Uma de minhas cadelas entendeu que ele era uma espécie de brinquedo pra afiar os dentes e destroçou as palmilhas. E fez um buraco na lateral do calçado relativo ao pé esquerdo. Resolvi não comprar novas palmilhas e passei a correr sem elas. Adorei. Aos poucos fui incorporando a caminhada descalça após meus treinos de corrida. Meu objetivo é intercalar treinos de corrida descalços com treinos usando tênis. Já arrisco alguns trotes descalços, mas insisto em ser cauteloso na mudança pra evitar lesões. Claro que o ser humano é apto pra correr descalço, e que o tênis, por mais tecnológico que seja, só aumenta o risco de lesão, mas de tanto correr calçado preciso me readaptar a fazer isso sem os tênis.
 
Só assim pra encarar
            Pra encarar o frio, a chuva e a lama que encontraria pela frente, cuidei em me agasalhar. Pernito, segunda pele e corta vento, além de boné e luvas, ajudaram-me a criar coragem. O velho tênis escorregava aqui acolá nas descidas e subidas ensaboadas das estradas de terra. “Gile, porque você não usa um modelo de tênis cross, que tem solado antiderrapante?”, um colega pode estar me perguntando. Primeiro motivo: não pago mais do que R$ 150,00 por um tênis de corrida. Se for de passeio, pago. Mas pra correr?! Esses tênis cross custam uma fortuna. Só pra você ficar ligado, semana passada comprei um tênis espetacular por R$49,90. Segundo motivo: quero sentir o tênis escorregar no piso molhado. Trabalho, assim, meu equilíbrio. Evito aterrissar com os calcanhares. Se o fizer, é queda certa. Durante as descidas, principalmente, procuro os lugares mais firmes pra pisar, o que me faz mudar a passada e alterar os estímulos. E correr assim fica longe de ser uma coisa mecânica e monótona. “Mas um bom tênis ajuda no amortecimento, né, Gile?”, o colega pode estar insistindo. Não, não ajuda em nada. Amortecimento eu encontro no tendão. Um tendão forte vale mais do que um caminhão de tênis de última geração. See you.

Salto alto é o ponto fraco desse pisante

Resumo do treino (pra não perder o costume)

quarta-feira, 7 de junho de 2017

Pra ter ganho de performance preciso melhorar minha técnica

Caminhar descalço após a corrida é quase um ritual

         Então, estou aqui pra dar prosseguimento aos meus relatos de treinos. Apesar de não fazer isso diariamente, como vinha fazendo até o Ironman Brasil 2017, não deixarei de postar minhas estripulias de triatleta. Minha saúde vem numa crescente admirável após o Iron. Cada treino que faço, seja de corrida, bike ou natação, sinto o corpo responder sem muito esforço. E isso é muito prazeroso. Continuo fazendo alguns treinos em jejum, continuo com o baixo consumo de carbo, continuo firme no propósito de não usar suplementos. Esta semana, devido ao aguaceiro que insiste em cair, optei por pedalar de MTB. É uma volta às origens. Melhora o controle da bike, tem uma tocada totalmente diferente do triathlon e me permite uma imersão na natureza. Porque o pedal é na montanha enlameada. A corrida no frio e na chuva tem um ingrediente a mais quando estou no CT – a lama. Ainda não recomecei os treinos nas montanhas, mas o acesso até o asfalto é por uma estradinha lamacenta. Hoje, por exemplo, após os 12km caminhei descalço pelo barro pegajoso. Aqui acolá um escorregão pra ativar minha coordenação motora.


         “Gile, será que essa coisa de andar descalço, ficar acocorado e funcional caipira funciona mesmo?”, você pode estar me perguntando. Se eu te disser que nesses anos de triatleta nunca precisei fazer fisioterapia?  Se eu contar que nunca necessitei de massagista pra tirar a dor de um músculo? Se eu te disser que nunca parei de treinar por motivo de lesão? Pra não dizer que nunca tive lesão, no segundo semestre do ano passado tive um desconforto no tendão da perna esquerda, mas precisei apenas dar uma pausa na corrida e ele se foi. Sem médico, sem fármaco, sem mandinga. Quero seguir nessa linha natural. “Gile, mas se você usar um suplemento porreta vai melhorar seu desempenho, rapaz”, pode o leitor sugerir. Em primeiro lugar, não acredito nisso. Pra ter ganho de performance preciso mesmo, além do que já faço, é melhorar minha técnica de natação, minha técnica na bike e minha técnica de corrida. Ou seja: minha deficiência é técnica, nada mais. E estou procurando corrigir os erros. Em segundo lugar, ainda que suplementos me fizessem evoluir eu não usaria porque entendo que só daqui a vinte ou trinta anos é que saberemos os efeitos danosos da suplementação no corpo humano. E no triathlon, gente boa, mais do que fazer um Ironman, mais do que ganhar um troféu, o que mais me fascina é o ganho de saúde. Por isso treino diariamente, tendo ou não competições pela frente. Agora vou aproveitar e comer cuscuz com ovo pra aguentar o pedal de amanhã na lama. See you. 

Chuva e frio não é empecilho
Alguns treinos desta semana