terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Quanto sentimento um animal é capaz de carregar?

MTB é remédio
         Um narrador de futebol das antigas diria que esses post foi feito no apagar das luzes. Sim, é verdade, mas tem uma justificativa pra tanta demora. O dia foi pequeno, mô filho. Terça foi dia de pedalar, tomar chuva, nadar, tomar chuva e procurar cachorro. Cachorra, na verdade. A Fionna desapareceu sábado passado e desde lá fizemos buscas pra encontrá-la. A internet foi uma mão na roda. Ou seria na pata? Por volta das 20h30, uma mensagem inesperada no whatsup dava pistas de onde a filhote de pastor alemão se encontrava. Para o jantar, para o jantar. Do verbo parar, gente boa. O local indicado distava dezesseis quilômetros daqui do sítio. Ela estava presa na frente da casa de um conhecido meu que a encontrara, mas não sabia que era minha. Já haviam até mudado o nome dela. Embora ele não quisesse receber, dei-lhe uma pequena recompensa. Como chorou essa Fionna quando me viu chegando. Quanto sentimento um animal é capaz de carregar? Ao chegar perto, ela se enroscou nas minhas pernas e chorou como uma criança que estava perdida e foi achada.  O Sítio Três Platôs voltou a estar completo. Que bom. E o treino, Gile? Calma, calma, vou contar como foi.
 
Dia propício pra MTB
         Acordei por volta das 6h30 e parecia ser bem mais cedo devido ao aguaceiro que teimava em cair. Botar a bike de triathlon na chuva pra um treino de 40km estava fora de cogitação. Fazer no rolo... ah, não sei, não. Rolo, pra mim, só pra aquecimento. Ou no sábado com a galera toda reunida. Gosto mesmo é de pedalar de cara pra o vento, vendo a paisagem passar por mim e curtindo a bike. E a chuva me diz que o melhor que tenho a fazer é pegar a mountain bike e me sujar todo de lama. Acho que isso remete a gente à infância. Ou existe alguma criança que não adora uma lama? Hahaha. Uma grande vantagem da MTB é que saio da porteira e já inicio o treino. A chuvarada me acompanhou por todo o pedal. Em uma subida íngreme, a corrente travou e o Gile não teve muito o que fazer – madeeeeeeeeeeeira. O tombo foi em velocidade zero e não causou danos. Nem sequer um arranhão. Ufa. Chegando em casa, o banho no riacho não rolou porque ele estava barrento devido as águas que desciam dos barrancos e se misturavam às suas.



         Comi um pouco de cuscuz com ovos de galinha caipira e “si mandei” pra Floripa. A hora avançada deixava claro que a única forma de chegar a tempo seria de Supermotathlon. Cheguei no Paula Ramos todo molhado. Não vejo problema, já que iria mergulhar mesmo na piscina. Hehehe. Tava cansado hoje e senti o treino. É como se não tivesse rendido, mas faz parte da recuperação. Depois, coloquei roupas secas que levara comigo e peguei a estrada de volta. Outro banho de chuva. E aí blá, blá, blá,blá, blá, blá, blá, blá, blá, chegou a hora de jantar. É só voltar ao primeiro parágrafo. Faltam vinte minutos pra meia noite e tá mais do que na hora de dormir porque amanhã é dia de corrida. Fui.




Resumo do treino de bike
Distancia: 60km
Tempo: 1h46’
Vm: 14,2km/h

Ganho de elevação: 811m

Natação: 55' de pancadaria

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Vem pedreira aí

Tive que parar pra fotografar
          “O nosso corpo funciona em ciclos. A gente tem o ciclo diário, o semanal, o mensal e o anual. O ser humano sempre viveu assim, ele precisa disso. Ele trabalha durante o dia, tem uma parte mais intensa, ele se alimenta, ele descansa, o metabolismo sobe, desce. E assim funciona também no treinamento. Da mesma maneira que tem os dias em que se treina mais forte – dias de intensidade ou de volume -, tem os dias em que a gente treina mais moderado e recupera do treinamento. A cada ciclo de três ou quatro semanas a gente faz um ciclo de supercompensação, que é uma recuperação desse ciclo progressivo. Porque se for treinando progressivamente, semana após semana, vai chegar um momento em que o corpo não se adaptará mais ao treino devido ao acúmulo de cansaço. Após essa semana de recuperação o corpo está pronto pra subir um pouco de patamar”. Foram essas as palavras do coach Roberto Lemos pra explicar a tirada de pé na minha planilha. E hoje só precisei correr 9k. Sem preocupação com pace, só rodar mesmo. Tive quatro semanas de intenso treinamento e chegou a hora de desacelerar de reoxigenar a máquina e e preparar o motor pra subir ainda mais o giro. Vem pedreira aí, Gile véio.
 
Se tem corrida, tem aquecimento no rolo
         Por isso o treino de rolo foi mais curto. Vinte minutos de boa, suficientes pra dar uma suada. E saí pra correr curtindo mais a paisagem bucólica de Santa Isabel, buscando mais as estradas de terra. Não costumo parar em meio aos treinos. Acho desconfortável a retomada. Hoje, porém, parei duas vezes pra fazer umas fotinhas. Hehehe. Quando cheguei em casa, comi uma banana e três ovos com queijo e presunto. Enquanto descanso, carrego pedra. A missão agora era sair pelas redondezas procurando a Fionna, que desapareceu sem deixar nem marcas das patas. Fomos parando aqui e ali, perguntando a um e a outro, mostrando foto da cadelinha filhote de pastor alemão que nos deixou no último sábado. Nem sinal dela. Só voltamos quando a fome avisou que estava na hora de almoçar. Vamos continuar as buscas nos próximos dias.
 
A paisagem bucólica muitas vezes exige uma foto
         À noite tive quase uma hora de funcional com a bola de pilates, com a borrachinha e usando o peso do próprio corpo. Esse último, nada mais é do que os exercícios praticados pelos militares. Ah, hoje assisti um documentário bem interessante chamado “Pés no Chão”. Se você gosta de correr, vale a pena, viu. Tá no youtube. E pela chuva que está caindo aqui, acho que amanhã o pedal será de MTB. Que seja, então. 

Resumo do treino
20’ de pedal no rolo
9km de corrida
1,5km de caminhada

55’de funcional

domingo, 29 de janeiro de 2017

O problema do refrigerante é o gás, Guilherme?



         Quando parei a Kombathlon em frente ao posto Serra Mar, as nuvens de chuva ainda relutavam em abandonar as montanhas que iríamos subir em direção a São Bonifácio. O estacionamento não estava loteado por triatletas e ciclistas como no domingo passado. A chuva da noite, da madrugada e das seis horas espantou um punhado de gente. Só os mais focados, mais persistentes e otimistas ousaram sair de suas casas e cumprir o que suas planilhas mandavam. 

         Se não tiver muito foco, basta um meio quilo de chuva pra dissuadir quem sai de casa num domingo pra treinar. Se não for persistente, basta um contratempo pra fazê-lo continuar nos braços de Morfeu na madrugada dominical. Se não for otimista, terá certeza que um dilúvio poderá matá-lo afogado na estrada ou derrapará numa curva traiçoeira que o espera na descida da serra. Os que foram se divertiam enquanto tiravam as bikes dos carros e vestiam a armadura de combate. Porque, vou te contar, treino de montanha é uma peleia e tanto. Como diz a indiada gaúcha, entretanto, “não tá morto quem peleia”.



        Assim como nos domingos anteriores, várias assessorias se faziam representar no sinuoso e inclinado asfalto. Quase todos pedalantes partiram do posto. Nem todos adotam a linha do “quanto mais misturado melhor”, e encontrei na subida alguns que parecem ter entendido a lição da Dona Florinda – “não se junte com essa gentalha”. Um amigo por quem passei tentou justificar os isolados. ‘Nada justifica a divisão, meu caro’, argumentei. Então ele me confidenciou: “foi por isso que saí da xxxx”. E disse o nome da equipe em que treinava antes de vir pra Iromind. O problema de estarmos afastados uns dos outros é que, quando acontece um desastre, somos chamados a nos unirmos, mas não estamos acostumados ao calor do próximo. Aí, mô filho, continuaremos sendo poucos e desunidos.
 
Everso também foi. Geovanny agora é Iromind? hahaha

         Nos primeiros quilômetros, alcanço Rodolfo e vamos no mesmo ritmo, fazendo força e botando a conversa em dia. Numa depressão na pista, que o governo insiste em deixar lá prejudicando quem passa, minha caramanhola com água e gengibre resolve me abandonar. Eu não havia dado um gole, sequer. Rodolfo oferece um pouco da que levava, mas a sede ainda não me incomodava. Voltando de São Bonifácio, encontramos o coach Roberto Lemos que nos convida a retornar à cidade pra alongar mais o pedal. Agora somos três no mesmo ritmo. Numa subida, passamos um grupo que deixava pedaços de pulmão no caminho. Reconheço um dos triatletas e digo que estou sem água. Era o Guto, parceiraço da Just. Ele pega uma caramanhola cheia e me entrega. “Pode ficar, Gile, vou encher a outra na bica, tá pertinho”. Quanto mais misturado, mió, gente boa. Valeu, Guto.

Guto, Euzinho e Gui com sua Pureza

         Uma caramanhola de água foi o suficiente pra eu garantir os 100km do dia. No quilômetro oitenta comi as duas bananas que levava no bolso da camisa. Foi, digamos, meu café da manhã. Quando cheguei em casa ainda comi um mamão antes de almoçar.
Vencido os cem quilômetros, reencontro Guto no posto. Em seguida chega seu treinador, Guilherme Cunha. Guto saca uma garrafa de dois litros de Pureza e entrega ao Gui, que num golaço quase some com todo o refrigerante. E aí solta um arroto que mais parece um hipopótamo raivoso. Justifica, porém: “o problema do refri é o gás, por isso fiz isso”. Hahaha. Já no CT, tomo um banho no riacho gelado e subo pra o almoço. 
É hora do almoço
         Carne com capa de gordura era bem o que eu precisava. Verdura é o complemento ideal. De sobremesa, uma xícara de café com leite. A chuva que insistiu em cair por toda a tarde deu-nos a opção de assistir um filme. No lanche, queijo com pasta de amendoim e pedaços de coco. Mais tarde, um pãozinho de queijo, minha iguaria favorita. Caso dê fome mais tarde, uma sopa estará me esperando. Amanhã começa uma semana de treinos mais leves, de assimilação. Bora?

Resumo do treino
Distância: 100,3km
Tempo: 3h37’
Vm: 27,6

Ganho de elevação: 1.447m





sábado, 28 de janeiro de 2017

Já to em QAP, guerreiro

Uma parte da galera fez o treino com Roberto
         Desço a escada por volta das 5h15, ainda com a escuridão reinando absoluta no CT. “Já to em QAP, guerreiro”, surpreendeu-me Isaac, com a bagagem pronta pra viajar. Ele iria comigo até Floripa. Depois rumaria pra Blumenau e à noite pra Sampa, onde pegaria um avião com destino a Natal.  Tomei meu café com leite, entramos na Kombathlon e quebramos o breu da estrada com os agudos faróis da possante. A viagem parece mais rápida quando temos com quem conversar.  
Bikes no deck do La Serena
         Deixo-o no local combinado e sigo pra o Jurerê, onde a Iromind manda seus treinos de sábado. Chego atrasado. Com 3.000m pra fazer, era pra entrar na água às 7h. Até acomodar a bike no deck do La Serena, vestir a roupa e ir pra o mar, já era 7h20. Uma parte da equipe faria o treino com o Roberto – onde ele entra com o Stand Up no mar e a raça vai até ele fazer o contorno de boia e voltar à praia.
 
A turma da cozinha levantando os braços quando o pai da Clarinha disse que era foto pra o blog - hahaha
         O sol, amuado não deu as caras. Preferiu ficar espreitando por trás das nuvens mal encaradas. Resolvi nadar 2.000m, fazer o pedal com a turma e depois fazer os outros 1.000m. Pense numa lerdeza. Não conseguia encaixar um ritmo. Sofri o tempo todo. Respirava a cada três braçadas e não me encontrava. Mudava pra quatro e menos ainda. Caia pra duas e piorava. Foi assim até voltar ao ponto de partida. No pedal, também não me senti confortável. Tinha pulmão, faltava força. Tava em meia fase, digamos. Foi aí que pensei: ‘ah, tá faltando combustível’. Quando desci da bike, comi três bananas, conversei um pouco com os amigos e voltei pra o mar. Dessa vez, rendeu. E assim eu vou entendendo mais o corpo, controlando a alimentação e aprendendo a hora de comer este ou aquele alimento.
 
O pai da Clarinha entrando no mar seguido pelo Dimi
         Ao meio dia já estava de volta ao CT. E uma costela cozida com legumes fez a alegria do Gile. Hahaha. Fiona, a filhotona de Pastor Alemão, fugira e após o almoço tivemos que sair pela comunidade procurando por ela. Não fomos bem sucedidos na busca hoje. Continuaremos. A tarde chuvosa nos disse que ver um filme não seria mau negócio. Findamos assistindo um documentário de um casamento indiano. Dei até uns coxilos. Quando terminou a chuva tinha dado uma trégua e fomos dar uma arrumada na entrada do sítio. Essa roçadeira trabalha, viu. Agora é descansar que amanhã tem longo de bike. Se amanhecer com chuva, farei de mountain  bike. 
Vitória e Roberto chegando

Resumo do treino
2.000m de natação em 45'
50' de bike no rolo
1.000m de natação em 18'

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Pra comer ajoelhado

Correr com esse visual é mais fácil
         Olha, tá cada dia mais difícil sair pra treinar cedinho. Cedinho aqui no sítio é entre seis e seis e meia. Nesse verão, a temperatura não passa dos quinze graus quando acordo. Como não quero vestir roupa de frio, espero o sol sair pra iniciar a peleia. E não tem nada melhor no mundo do que uma xícara de café com leite pra esquentar. Começo a pedalar no rolo por volta das 8h30. O sol já é parceiro. 
Tem que esperar o sol pra poder pedalar
         Nos quarenta minutos, assisto alguns vídeos sobre colesterol. Um dos médicos afirma que o maior erro da história da medicina foi colocar o colesterol como marcador de problemas cardíacos. Meeeeee!
 
Em meio a plantação de morangos
         São nove e meia quando começo a correr. Tenho dezoito quilômetros pela frente. Isaac pega a MTB e vai me acompanhando. Estava preocupado com o desconforto que senti na coxa quarta feira. Graças a Deus, não voltou a se repetir. Não gosto de fazer longo no plano. Acho monótono. Gosto de variar o tipo de terreno também. Um pouco de estrada de terra vai bem. O calor me disse que era pra eu ter levado um pouco de água. Vencida a distância, caminho por dois quilômetros pra relaxar a perna. Daí foi chegar em casa e comer uma banda de mamão, duas bananas e uma laranja. A água gelada do riacho ajuda na recuperação, viu.



         Às treze horas sentamos pra o almoço. Denise preparara um cozido com bastante verdura e costela. Aí é pra comer ajoelhado. No fim da tarde ainda rolou um funcional com a roçadeira. Antes do banho, um pouco de exercício com a bola de pilates pra reforçar o core. Amanhã é dia de transição e não posso dormir muito tarde.

Resumo do treino
Distância: 18,3km
Tempo: 1h33
Ritmo: 5’04

Ganho de elevação: 255m

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Mexe comigo, mexe


Igreja Evangélica de Santa Isabel
         Ele é campeão potiguar de karatê. Foi, na verdade. Depois virou bombeiro e professor de educação física. Hoje veio ao meu CT e vai passar uns dias conosco. Quando cheguei da natação ele estava me esperando com Geovanny e Denise. Amigos de infância, em alguns casos, viram irmãos. Isaac é um desses. Despencou lá do Rio Grande do Norte e veio bater em Santa Catarina. Quero ver quem vai mexer comigo agora. Hahaha. 
Chegando do treino e sendo recebido por Isaac
         O cara é forte. O almoço estava saindo do forno, mas a fome exigiu que antes eu comesse um pouco de queijo com pasta de amendoim. Porque o treino de natação foi, pra variar, pauleira. E eu senti o cansaço. No último tiro de 100m, suei pra acompanhar meu amigo Fábio. Ao término, subi na Super Motathlon e vim pra o sítio, pois sabia que Isaac já havia chegado e me aguardava pra o rango.
 
Com os amigos Heverton  Quadros (touca verde) e Roberto Lemos (de costas) - Foto do Henrique Pedron
         Levantar cedo até que vai, mas sair a pedalar com 13o no lombo em pleno verão não acho boa ideia.  Por isso, só inicio meu pedal às oito horas, quando o sol já brilha em alguns pontos do circuito de Santa Isabel. Pra espantar o frio, cadência alta é a solução. Depois de dez minutos em ritmo forte, estou devidamente aquecido. Tenho 60km acelerado e mais cinco tiros de dois minutos no maior esforço que conseguir. 

        Depois de trinta quilômetros é que inicio os tiros, sempre com dois minutos de giro no meio. Devido ao desconforto que senti ontem na coxa direita, estou receoso. Aos poucos, esqueço e a perna responde aos esforços sem problema algum. É assim mesmo. Ontem, achei que o treino não rendeu o esperado; hoje fiquei surpreso ao bater meu record de pedal no circuito, com 34,1km/h de média em 60k com um ganho de elevação de 921m.
 
Hora do almoço
        Encerrei o pedal quando estava em frente a Igreja Evangélica da comunidade. Desci, registrei com uma foto e segui girando leve até a Kombathlom.  A forte chuva da noite anterior deixou as águas do riacho muito turvas e abortei o banho. O fim de tarde foi de muita chuva e não pude terminar um serviço que havia começado no dia anterior. Aproveitamos pra botar o papo em dia. Descanso é treino, mô filho. Amanhã tem longão de corrida.

Resumo do treino de bike
Distância: 60km
Tempo: 1h46
Vm: 33,9 – os dados corrigidos do Garmim marcam 34,1km/h
Ganho de elevação: 921m

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Cadê o portal que tava aqui?

Com chuva o dia fica mais preguiçoso
          O sítio acordou preguiçoso devido a chuva que insistia em cair. Mais barulhento do que o normal, o riacho estava com as águas um pouco turvas. E eu lembrei da poesia gaudéria do Jayme Caetano Braun que entre um verso e outro diz: “eu não gosto de barulho nem de nada se mexendo, a não ser águas correndo nas sancas de pedregulho”. Na serra é assim, se chove, refresca mesmo. E tudo fica em rotação mais baixa. Tomo minha xícara de café com a rapidez de uma tartaruga caminhando. Inicio o pedal de aquecimento bem próximo das nove horas. E assisto no youtube a um vídeo produzido por uma TV australiana. Trata-se de um documentário apresentado pela jornalista e PhD em medicina Maryanne Demasi. Ela mergulha no rentável mundo da Estatina, medicamento pra reduzir colesterol e droga mais vendida na história da medicina. Olha, mô filho, vale a pena assistir, viu. A indústria farmacêutica não tem escrúpulo quando o assunto é ganhar dinheiro. Antes que seu médico mande você tomar essa coisa, é bom saber o mal que ela pode te fazer.
 
Cadê o portal que tava aqui
         Antes de acabar o pedal, procuro alguma coisa mais engraçada pra descontrair. Vou te contar, viu: como tem gente fraca fazendo humor.  Tem humorista que até hoje não aprendeu a fugir dos termos chulos, das piadas preconceituosas e que desmerecem as mulheres. Deixa pra lá, melhor é sair pra correr. Começo com uma caminhada de 1,5km pela estrada de terra até o circuito de Santa Isabel. Daí tenho 5k progressivos. Tudo certo. Chego ao portal do lugarejo e... Cadê o portal que tava aqui? Uma madeireira foi cortar uns pés de eucalipto que estavam na beira da estrada e uma das árvores caiu em cima da construção. Quem será que vai pagar a conta. Espero que não sejam os munícipes.
 
O importante é que fiz o treino
         Tenho seis tiros de duzentos metros. Consigo fazer no tempo pedido pelo treinador. Em seguida, seis tiros de quatrocentos. Faço o primeiro. No meio do segundo tiro, um conhecido aparece na estrada, para o carro e me chama. Eu não poderia ser deselegante e prejudiquei meu treino. Quando voltei pra o terceiro tiro, senti um desconforto no adutor da coxa direita. Fiquei, como sempre faço, receoso de apertar o passo. Mas tudo bem, vamos lá. No quarto tiro, outro carro para perto de mim. Era um casal de Porto Alegre querendo informações sobre o lugar. Se foi, meu treino. Não dá pra manter a concentração. Acontece.   Nem sempre a coisa sai do jeito que a gente quer. Pra finalizar, tenho 1,6km moderado que fiz “bem moderado”. Caminhei por 3,5km pra relaxar a musculatura.
 
Ah, que almoço delicioso

          Não poderia perder o recovey no riacho. Porque ontem fiquei sem. Como um pedaço de mamão, uma manga e chupo uma laranja. Em seguida entro em casa e como três ovos com bacon, presunto e queijo.  Um churrasco é nosso almoço, isso por volta das 16h. Depois ainda dá tempo de um trabalho braçal no sitio. Uma espécie de funcional. Termino quando a noite começa a cair. Ainda bem que tem cuscuz com ovo e pão de queijo na janta. Amanhã tem pedal e natação. É hora de dormir. By.

Três ETs cruzaram meu caminho

Cesar, Tarso, Juan e Euzinho
         Eu havia conversado com o Juan ontem e sabia que eles passariam em Santa Cruz da Figueira por volta das oito horas. “Eles, quem, Gile”, você deve estar me perguntando. Calma, calma. Não priemos cânico, como dizia o filósofo Chaves. Juan Pablo é um amigo que conheci por intermédio do meu parceiro e “ídalo” Rafael Pina. Outro dia escrevo a respeito do Pina porque o cara merece um post só pra ele. Juan é um típico atleta de endurance. Participou de provas duríssimas mundo a fora. Entre elas, destaco as 9h correndo na Cordilheira dos Andes com altitude chegando a 4.200m na trilha Inca até Machu Picchu. Não menos dolorosa, foram as 29h pedalando nas montanhas da Pennsylvania. É bruto, esse animalzinho. A última peripécia desse monstrinho amestrado foi fazer, junto com outros nove ETs, o Fodaxman – a competição nas distâncias de Ironman mais cruel das Américas. 
Os ETs Saindo de Floripa 
         O danado se inscreveu para a Travessia Torres/Tramandaí, uma corridinha curta de 82k. Ele e o Tarso Soares, um dos ETs do Fodaxman. E o que são 82k pra esses caras? Pra dificultar um pouco a coisa, resolveram ir de bicicleta até o local da prova. Louco atrai desmiolado, só pode ser. E eles arregimentaram pra o time outro casca grossa que seguiria junto – Cesar Zaniboni, atleta de endurance que tem a marca de 4h40’num Meio Iron.
 
Montaria do Juan
          É isso, mô filho. Juan havia me dito que sairiam de Floripa por volta das 5h e que, provavelmente, chegariam ao posto Serra Mar, em Santa Cruz da Figueira, município de Águas Mornas, no horário que eu disse na primeira frase deste texto. Eu não perderia a oportunidade de encontrar essa trupe na estrada. Pra isso, acordei às 6h15’, quando o dia começava a despontar. 
Pra espantar os 14 grados
         Os 140 no termômetro foram afastados por uma xícara de café com leite bem quente. Desci com a Kombathlon até o meu circuito, saquei a magrela e iniciei meu pedal às 7h05, sem sol mesmo. Cadência alta, socando a bota pra aquecer o corpitcho. Dei uma volta de dez quilômetros, peguei a BR-282 e despenquei na direção do posto. Era cedo ainda e segui no rumo de São Bonifácio. Tinha treino de tiro e resolvi fazê-lo na montanha. Terça é dia de torcer o cabo. Passados 30km, acelero mais forte por 6km e depois acelero mais ainda por 2km. Faço um giro solto por dois minutos e repito a série outras duas vezes. Terminado o suador, entro no Serra Mar com a certeza de que o trio lá se encontra.
Pense num trio bruto
          Juan e Tarso envergando uma camisa alusiva ao Fodaxman e Cesar, no mais discreto estilo caneta marca texto, comiam alguma porcaria na entrada da loja de conveniências. Hahaha. Vão querer me arrancar o couro. Cá pra nós: pra andar em nossas estradas é preciso chamar atenção mesmo. Tá certíssimo, amigo Cesar.  Ao me ver chegar, o “pé de alface”  já brinca: “Chegou um triatleta com capacete do Jaspion”. Hahaha.
 
Olha a felicidade de quem venceu mais uma serra
         As bikes dos caras são suas casas. Tem barraca, colchonete, roupas, comida e peças de reposição para as montarias, caso precisem. Tento erguer a bicicleta do Juan e quase não consigo. Caramba, como é pesada. Ficamos cerca de dez minutos papeando, falando de cicloturismo, de triathlon e de Ironman. É hora de voltar pra casa. Despedimos-nos e desejo boa viagem pra eles. Subo a serra acelerando como nunca. Hora, seria vergonhoso subir lento com uma bike tão leve quanto a minha, se comparada a deles. Por isso é ótimo ter boas referências. Uma ponta de inveja me acompanha. Um dia também pego a estrada com essa galera.
 
Descanso merecido ao chegar em São Bonifácio
         Compromissos em Florianópolis impedem que eu entre no riacho pra o tradicional recovery. Chupo uma manga, como uma maçã e engulo três ovos com presunto e bacon. Meia hora antes de nadar, sou obrigado a comer duas sobrecoxas de frango e alguns legumes. Aguentei a pancadaria na piscina. Depois encarei o forno que era a cidade. Por volta das 17h já estava em meu CT, comendo pão de queijo e coco com pasta de amendoim. Na janta, cuscuz com ovo. A chuvarada me empurrou mais uma vez pra dentro de casa. O friozinho de fim de tarde me fez vestir manga comprida. Amanhã tem mais, tem tiro de corrida.  Onde estarão meus amigos ETs a essa hora?
 
Hora do lanche
Resumo do treino de bike
Distância: 60km
Tempo: 2h04
Vm: 28,9km/h
Ganho de elevação: 897m
Resumo do treino de natação

Tempo: 55’de pancadaria - hahaha

Recompensas que a viagem proporciona 

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

O tênis apropriado pra correr na montanha

Chegando em casa
        Segunda feira é o dia da semana em que saio da cama mais tarde. Hoje não foi diferente e desci pra o meu café quando já passava das sete horas. É bom quando o café e o leite já estão prontinhos. Aproveito pra botar comida para os pássaros que vem todos os dias cantar próximo à varanda da casa. Faço isso no mais puro estilo Rubinho Barrichelo. Enquanto isso o sol acelera e chega perto de minha área de transição, onde monto a bike no rolo fixo para o costumeiro pedal de aquecimento. 
Aquecimento funcionando
         Por volta das oito horas, quando começo a fazer força sobre a magrela, o calor do sol já espantou a friaca e o pedal fica mais aprazível. Em quarenta e cinco minutos de giro, bebo quase uma caramanhola cheia de água com gengibre. E a corrida de hoje era na montanha. Disparado, pra mim, o melhor treino de corrida.
 
Hora de sair pra correr
         Coloco um par de tênis apropriado pra correr em estrada de terra e inicio a pauleira quando faltam sete minutos para as nove horas. Fazia mais de dois meses que eu não fazia esse percurso. É praticamente descida e subida. Não tem cem metros seguidos de plano. No máximo, um falso plano. Imagino que vou sofrer devido ao pedal de domingo. Quando começo a subir o primeiro morro, sinto que a perna tá boa. Os batimentos sobem quando a inclinação passa dos vinte graus, mas não perco a força. Já fiz esse trecho várias vezes e sempre cheguei morrendo ao fim dessa primeira subida dura. Hoje cheguei bem, inteiro. Quando vi a estrada acabar, momento de fazer o retorno, percebi o ganho que tive nos últimos meses. Fiz o trecho de descida voltando numa cadência alta, evitando assim o risco de lesão. Correr em maio a natureza, sem nada pra incomodar, exceto um cachorro mal educado ou um caminhão de verdura, é prazeroso por demais.
 
Dividindo a estrada com o caminhão de verdura
         As pedras soltas exigem mais dos tornozelos e dizem que preciso estar atento. O tênis apropriado é outro diferencial. “Que tênis você usa, Gile?”, você pode estar me perguntando. Uso um que tem solado, palmilha e cadarço. Leve e confortável pra o meu pé. E custou R$ 69,90. De tão barato, comprei mais de um do mesmo modelo e na mesma cor. Pra quem iniciou calçando um coturno, tá bom pra caramba. Se eu te disser que em certos dias de inverno chuvoso cheguei a correr de bota sete léguas?  Ah, pois é. Machucou meu pé? Não. Lesionei? Não. Meus tempos melhoraram? Sim.

Denise em sua caminhada acompanhada de Paffa e Maluko
         O Segundo morro é um pouco menos inclinado, porém mais longo. São 3,5km de subida. Nem parece que pedalei ontem. Tenho mais 1,5km de descida antes de retornar e subi-lo por seu lado mais íngreme. Quando termino, encontro Denise que está fazendo sua caminhada. Uma mangueira com água na beira da estrada convida pra um banho. Não levo águas pra esses treinos mais curtos e o calor que estava fazendo dá uma castigada na carcaça. Por conhecer bem a região, não tomo dessas águas. Os proprietários costumam usar agrotóxicos em excesso e alguns criam porcos que contaminam os cursos de água. Aproveito, porém, pra molhar a cabeça.
 
Pra refrescar a cabeça

         Encerrado o treino, caminho com Denise e os cachorros por 2,5km. Chegando em casa, o melhor recovery do mundo – o riacho de águas geladas e a hidromassagem. Uma manga e uma maçã é o pós treino perfeito. Por volta do meio dia já estamos na mesa pra almoçar. Gente, adoro frango com legumes ao forno. Se vem com uma salada e ovos fritos, então... A tarde foi de chuva e fiquei impossibilitado de realizar trabalho externo. Um funcional com borrachinha e bola de pilates veio bem a calhar. Amanhã tem pedal e natação. O pão de queijo nosso de cada dia e um bocado de iogurte natural com pasta de amendoim completam o tanque pra aguentar o tranco do dia seguinte. Que venha, então.
Hora do funcional

Resumo do treino
Bike no rolo (aquecimento pra corrida)  - 45’ Início às 8h01’
Corrida em terreno com elevação(estrada de terra):  Início às 8h53’
Distância: 12,2km
Tempo: 1’13’56”
Pace: 6,03’/km
Elevação: 506m