sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Vive, "disgraça"

Até de cara feia o dia aqui é bonito
         O dia começou de cara feia hoje. Choveu muito durante a noite, e por volta das 6h30 muitas nuvens deixavam a manhã meio modorrenta. Os 19º no termômetro disseram pra eu ir com calma. Verão, na Serra, tem dessas coisas. As noites são sempre fresquinhas. E, se chover, a temperatura cai mesmo. E o cafezinho com leite é a melhor pedida. Coloco a bike com o rolo na varanda, deixo tênis, meia e camiseta ao lado para a transição e municio meu celular com um fone de ouvido. Em meus treinos, a única vez em que uso fone é quando vou pedalar no rolo. Aproveito pra assistir vídeos no youtube.  
Área de transição
      Enquanto o vento sul refrigerava minhas costas, acompanhei o treinamento de alguns atletas amadores por esse Brasilzão a fora. Ao fim dos 34’45” de pedalada/aquecimento, havia subido uma montanha de 15km com um grupo de triatletas paulistas queimando as pernas nas bikes, nadado, pedalado e corrido com uma turma do Paraná e feito funcionais com uma piazada gaúcha. Milagres da internet. 
Onde está o Gile? O primeiro km é assim
          Terminado o aquecimento, a correria da transição. Calço a meia e o tênis, visto a camiseta da Iromind e “si mando”. Não dá tempo nem de olhar pra canto nenhum. A meia merece uma nota. No triathlon, aprendi a pedalar sem meias pra ganhar tempo na hora de mudar de uma modalidade pra outra. E levo essa mania para a corrida. Treinos curtos sempre faço sem meia. Distâncias de 15km em diante costumo proteger mais meus queridos dedos. Se a meia for justa já cumpre a função. Outro dia, caí na besteira de comprar uma cheia dos frufrufru. Pequenas bolinhas salientes prometiam massagear os pés durante os longos. Conversa. Ao menos pra mim, se alterou alguma coisa foi pra pior. Ah, indústria marvada. E a gente, parecendo os índios quando abriram suas tribos aos invasores portugueses, nos deixamos seduzir pelos mesmos espelhos e miçangas.


          Começo a corrida num pace bem elevado – 5’30” no primeiro km. Faço isso porque esse percurso é uma descida de montanha em terreno cascalhado e exige muito cuidado na hora de pisar. Uma pedra solta pode gerar uma queda e até uma torção de tornozelo. Opto por uma cadência bem alta associada a uma baixa velocidade em descidas desse tipo. No segundo quilômetro, já melhoro e o tempo cai pra 4’42”. Minha meta era essa, manter um pace entre 4’40”e 4’45”. O circuito é todo de um falso plano e é mais difícil manter um pace. Tento controlar o nível de esforço só com a percepção. Dividi o treino em três partes de 5km. Não que eu pare a cada 5k, mas pra facilitar meu controle mental. 

         A primeira parte de minha corrida é sempre a pior. Parece que não vou conseguir terminar. Sei, entretanto, que é o cérebro em sua missão de sabotagem. Quando virei a casa dos 5k, vi que tava bem e procurei manter o ritmo planejado. Quando passei a marca do 10k, entrei na reta final. Pisada firme, corrida encaixada e me sentindo bem. Aperto mais o ritmo e, mesmo no trecho com maior elevação, faço o melhor tempo do treino. Os últimos 500m corro pra 4’05. Por ser o primeiro longo de corrida do ano, sinto que estou no caminho certo. Obrigado, Roberto Lemos. Se você não existisse, eu mandava fazer um de barro, sopraria no nariz e diria: “vive, disgraça”. hahahaha

Resumo do treino:
Distância: 15km
Tempo: 1h11’39”
Média: 4’46”
Parciais por km: 5’30 / 4’42 / 4’36 /4’37 / 4’39 / 4’49 / 4’56 / 4’48 / 4’42 / 4’49 / 4’46 / 4’50 / 4’37 / 4’37 / 4’30
 
Sob olhares curiosos
         Fechado o treino, alongo um pouco numa cerca e sou acompanhado por curiosos bovinos. Denise, que estava pedalando no circuito, aproveitou pra fazer algumas fotos. Sempre faço uma caminhada após as corridas – 3k hoje. Sinto que auxilia minha recuperação. Como de costume, nem chego a entrar em casa. Cinquenta metros antes, mergulho no riacho. Ah, que banho e massagem rejuvenescedores. Geovanny fez um baita favor levando duas laranjas e uma manga pra o meu café da manhã. Só não como os caroços. O frio não me permitiu ficar mais que meia hora na água gelada. Por não ter ingerido líquido algum, já estava na hora de beber água. Depois, bastou um banho quente na imagem de São Gilead.
 
Preciso de suplemento?

        Ao meio dia, minha principal refeição. Geovanny, churrasqueiro de mão cheia, trouxe a pequena churrasqueira de zinco pra frente da casa e caprichou na carne com aipim. Aipim a gente diz por este torrão. Na minha terra, chamamos de macaxeira. Do forno veio uma fôrma recheada de berinjela, batata doce, abóbora, abobrinha, inhame, cebola, repolho, couve e cenoura. Misture com a carne e com o frango, mô filho, e você verá o que é uma superalimentação. Carne com gordura e frango com pele, vale lembrar. Há necessidade de suplemento? A corrida exige muito de mim. Por isso, a sexta é o dia que mais sinto necessidade de descansar. Um casal de andorinhas fizera o ninho na varanda e ficamos acompanhando o primeiro voo dos filhotes. Coisa linda.

         Antes de ir ao campo plantar umas mudas de árvore, como um pedaço de queijo com pasta de amendoim. Depois faço alguns funcionais com a bola de pilates e execícios de força usando o peso do próprio corpo. Aí, gente boa, um pãozim de queijo cai bem pra caramba. Antes de dormir ainda tem uma porção de iogurte natural. Porque amanhã é dia de transição em Jurerê. Fui.
           
O mergulho é sagrado
Quatro criaturas posando pra selfie


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