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Vestindo a camisa de finisher |
Querido
diário... Hahaha. Esse poderia ser o último post deste blog, que surgiu com a
necessidade que senti de escrever como seria minha preparação para o Ironman
Brasil 2017. Levando em conta apenas os meses de janeiro a maio deste ano. Não será
o último, entretanto. Não serei tão assíduo, mas espero deixar este espaço para
que outros triatletas possam compartilhar mais de seus treinamentos. Dito isso,
vamos aos fatos. Vamos ao relato de como foi minha prova. Quando
dizem que o triathlon é o esporte do mimimi, estão mais do que corretos. Porque
numa preparação pra uma prova de Ironman surgem muitos percalços. E quando nos
perguntam como está sendo, ou como foram os treinos, não dá pra esconder as
dificuldades. Elas são, assim, chamadas de mimimi. Nade 3,8km, pedale 180km,
corra 42km e depois diga como se sente. Aí a gente conversa. Claro que muitos
triatletas exageram no biquinho, mas como diz o poeta: “o dono da dor sabe
quanto dói”.
De
janeiro até o dia 28 de maio foi uma longa estrada. Muitos acertos, alguns
erros e intenso aprendizado. Em nenhum momento dos treinos me senti
sobrecarregado . A alimentação natural, sem fazer uso de suplementos, me deixou
sempre muito vigoroso. Em março, porém, tive uma Zoster que me impediu de
treinar. No dia dois de maio, pra complicar mais ainda, meu sogro foi
hospitalizado e tive que deixar o CT na serra pra ficar de vez em Floripa. Porque
precisávamos estar mais próximos do hospital onde ele até hoje está internado. A
zoster quase impediu que eu fizesse o Iron, a vinda pra Florianópolis alterou
em muito minha rotina de treinos. Como foi
o Iron? Vamos lá, então. Acordei ao som do despertador. Comi um prato de cuscuz
com ovos e fomos pra o P-12. Esqueci as caramanholas dentro do carro e foi uma correria pra pegar as danadinhas antes que a área de transição fosse fechada. Eram três caramanholas.
Em uma delas tinha câmara de ar reserva, bomba e jogo de chaves. em outra tinha
quatro pães de queijo pra eu comer quando enjoasse dos géis. Na terceira tinha
uns pedaços de doce de leite e cocadas. Esta última perdi logo no início do
pedal, infelizmente. Mas era dispensável. A primeira era equipamento emergencial
e torci pra não precisar dele, e graças a Deus não precisei. Dos quatro pães de
queijo, comi dois. E o que comi durante a prova? Vou contando a medida que
falar das etapas da prova.
A largada
foi feita por ondas. As categorias entravam no mar separadas por cinco minutos
de intervalo. A minha foi às 7h25. Fiz uma natação moderada, procurando fazer
uma boa navegação e respirando a cada três braçadas. Precisei conter a emoção de
estar ali. Aqui, acolá, tinha que bater as pernas com mais rapidez pra afastar
aqueles que tentavam pegar carona nos meus pés. Saí da água muito inteiro. Fiquei
um pouco confuso na hora de pegar o material da bike. Deu tudo certo, contudo.
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Taí a prova dos nove |
Tomei um
gel e saí pra pedalar. O início do pedal foi muito tumultuado, e um dos motivos
que agravavam a situação era a chuva. Por isso, não fui pra o clip até chegar à
SC-401. Presenciei alguns tombos, e a coisa piorou quando uma competidora bateu
na lateral de minha roda traseira e tomou um capote. Se eu estivesse clipado
teria caído também. Fui conservador durante todo o percurso, sempre saindo do
clip ao ultrapassar em pontos alagados. Durante os 180km tomei quatro géis,
comi dois pães de queijo, bebi gatorade que peguei nos postos de hidratação, e também
nesses postos bebi água. Não parei a bike em nenhum momento. Para as próximas
provas vou precisar me acostumar a comer mais. Ao entregar a bike, corrigi o
chip que carregava no tornozelo, esvaziei a bexiga – acho que tinha 38 litros
no tanque, porque demorou, viu – e tentei me achar em meio às sacolas de
pertences que se amontoavam nos cabides. Um colega menos atento colocou o
material dele sobre o meu e dificultou um pouco minha transição. Não foi
problema a demora. Aproveitei pra descansar mais um pouco e saí pra corrida.
Comecei
tranquilo, cuidando pra controlar a euforia e não me deixar levar pelos gritos
da torcida. Decidi que não caminharia em nenhum momento da maratona, a não ser
nos postos de hidratação. Nos três primeiros, aproveitei pra comer
bisnaguinhas. Levei alguns géis, mas não senti necessidade de botar pra dentro.
Preciso me adaptar a consumir essas tranqueiras pra melhorar meu desempenho. No
quilômetro dez, uma forte dor no tendão da perna direita me obrigou a parar. Eu
havia sentido um desconforto nesse mesmo tendão dez dias antes. Temi por minha
prova, mas segui numa caminhada pisando com o calcanhar e não flexionando a
perna. Três ou quatro quilômetros depois, a dor começou a diminuir e pude fazer
uma pisada com o meio do pé. No quilômetro vinte a dor cessou por completo e
voltei a pisar normalmente. O velho tênis sem palmilha, com um leve rasgão
provocado pelos dentes da minha cadela Feiona e comprado na feira do Ironman de
2015 respondeu bem ao esforço a que foi submetido. Eu parava num posto de
hidratação e tomava Pepsi, pulava o posto seguinte e parava no outro. Fiz assim
até o fim da maratona. Em todo momento procurei manter a postura correta. Quando
entrei na Búzios para os últimos dois quilômetros minha perna tava ótima. Dava até
pra esprintar. O grito da galera era energizante. Quando entrei no funil que
leva ao pórtico de chegada a emoção foi quase indescritível. Cruzar a linha foi
uma sensação que tenho dúvidas de sentido algo do tipo em minha vida.
Algumas
vozes no alto da arquibancada chamavam meu nome. Olhe pra cima e em meio a
chuva distingui minha esposa Denise, meu amigo Igor Saporitti e sua esposa
Karlinha com o filho Nathan nos braços. Simplesmente demais. Quando é que tem
outro? Hahaha. Em termos de alimentação, então, consumi quatro géis, dois pães
de queijos e cerca de oito bisnaguinhas. Na hidratação tomei gatorade, um meio
litro de água e Pepsi, muita Pepsi. No dia seguinte, depois de chegar da festa
de premiação, meu tornozelo direito inchou, mas já está desinchando. Algumas dores
nas coxas também apareceram, mas bem suportáveis. Agora é assimilar a
pancadaria e recomeçar os treinamentos.
Quero aqui
agradecer o apoio de algumas pessoas. Primeiramente, a minha esposa Denise. Aos
meus grandes incentivadores que me deram muita força, principalmente quando
fiquei doente – Pina e Roberto Lemos. Aos companheiros de treino, que destaco
Michel Bruggeman e Sandro Gaynet. Não vou repetir o Pina aqui. Hahaha. Durante
a prova, muitos incentivaram chamando meu nome e destaco alguns. Primeiro, um
grupo que fazia uma verdadeira fuzarca quando eu passava – era o pessoal da
Just, a equipe onde comecei no triathlon. Uma galera da GPA, sob o comando do
meu amigo e treinador Gustavo Pinto, também não me deixava sem apoio. Tinha também
uma galera da New Pace que não perdia a chance de dar seus gritinhos de “vai
Gilê”. A Time também estava lá pra incentivar seus atletas e me apoiavam
também. Por último a turma da Iromind, que apesar de não ser tão efusiva, tinha
no meu treinador Roberto Lemos uma garganta sadia o bastante pra não me deixar
passar sem ouvir meu nome. Agradeço também aos amigos que me acompanharam pela
internet durante toda a fase de preparação. Lembrei, juro, de vocês durante a
prova. Essa conquista é nossa. See You.
Resumo da prova
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Bike |
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Métricas da natação |
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Métricas da natação |
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Métricas da bike |
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Corrida |
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Métricas da corrida |