domingo, 26 de março de 2017

Pedal contemplativo num domingo chuvoso



         A recomendação do Roberto Lemos foi clara: “Faz um pedal contemplativo, Gile”. Pra quem está treinando visando o Iroman, um treino como o de hoje seria obrigatoriamente um longo de, ao menos, 120km. No meu caso, sendo obrigado a readequar os treinamentos, não poderia passar de duas horas na magrela. Então, melhor mesmo é pedalar no quintal de casa. E as vantagens são imensas: não precisa levar equipamento reserva, não corre risco de voltar com pneu cortado e nem precisa acordar cedinho. Tanto é que comecei a pedalar por volta das 10h, com o termômetro indicando 240. Bastou colocar a bike dentro da Kombathlon e descer 1,5km de morro até o Circuito de Santa Isabel. A última vez que eu havia pedalado na estrada foi no dia doze, em Garopaba. De lá pra cá, três giros leves no rolo. Hoje seria para, acima de tudo, matar a vontade de pedalar ao ar livre, de cara pra o vento. Mas sem fazer muita força. Contemplativo, como orientou mestre Rob.


         Uma festa na Igreja Luterana, que fica bem no meio do circuito, atraiu gente de tudo que é lugar e fez o treino ficar mais leve ainda. Não tinha como passar rápido em meio às pessoas que se amontoavam nas proximidades do templo. Não consegui evitar que meus pensamentos pululassem na minha cachola. A comunidade de Santa Isabel, com dez ou quinze casas, tem dois templos – um Luterano e o outro católico. Pra que serve a religião, Gile? Se ela não nos transforma em seres humanos um pouquinho mais evoluídos, então para que serve? O Brasil tá cheio de religiosos, credos crenças e crendices. E somos atolados em corrupção, lambuzados por contravenção e desonestos. Um povo incapaz de respeitar leis de trânsito básicas, ávidos por destruir a natureza e prontos a ignorar o mais simples código de ética e de conduta. Ano passado, a prefeitura colocou placas de sinalização orientando aos motoristas para que tivessem cuidado com o ciclista. Um morador foi lá e arrancou as placas. E ninguém cobrou dele. E num lugarejo, todo mundo sabe da vida de todo mundo. Ou seja: o cara foi acobertado. Cometeu o crime e passou impune. A religião não serve pra frear os impulsos primitivos de pessoas desse quilate? Então, gente boa, pra mim essa religião não vale nada. Deixei, então, que os religiosos se esbaldassem nas suas práticas e continuei meu pedal de domingo.


           Passados pouco mais de trinta minutos, a chuva começou a castigar o circuito. Não era chuva forte, mas aquela de melecar toda a bike e o pedalante. E não caía em todo circuito, mas em algumas partes dele. Quando o Garmim indicou 50km de treino, encostei a bike na Kombathlon e dei por encerrada minha batalha. Aos poucos o corpo vai se reencontrando. Que venha o amanhã com seu desafio, então.

Resumo do treino
Distância: 50,9km
Tempo: 1h48'
Vm: 28,1km/h
Ganho de elevação: 363m

Nenhum comentário:

Postar um comentário