terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Roberto Lemos fala das vantagens de pedalar no rolo

Indoor, mas não muito
         Ainda era noite quando desci pra tomar meu café com leite. A ideia era iniciar o pedal assim que a claridade da manhã desse as caras no circuito de Santa Isabel. Quando saio de casa em direção ao galpão onde a Kombathlon dorme, pingos marotos de chuva me obrigam a retornar ao abrigo quente chamado lar. ‘Será que o tempo vai melhorar?’, pensei. Já devidamente paramentado pra o treino, deitei numa rede armada na sala e fiquei esperando. Nada. Eu tinha compromisso às dez horas em Águas Mornas e pra isso teria que findar a peleia até no máximo nove horas. Não tem como fazer mágica com as horas. Tive que abortar a peleia. Sem problema, a bike vai ficar pra o fim da tarde. Foi o que me veio à cabeça. Resolvido a questão, fui pra correria. E foi corrido mesmo. Mesmo assim, cheguei a tempo pra natação com a Iromind em Floripa. Assim que acabou, me aconcheguei na Supermotathlon e voltei pra o CT. Quando estou chegando a Santa Isabel, vejo que o tempo não mudou muito em relação a como estava pela manhã. Ih, rapaz, será que o pedal hoje será no rolo? Não gostei.

No rolo, mas em meio a natureza
         Depois de almoçar, entrei em contato com o coach pra avisar que não rolaria o pedal na estrada. Pedi-lhe um treino no rolo fixo. Prontamente, Roberto mandou o treino pelo  zapzap. Pra mim, o rolo é só pra aquecer antes de correr. Treinar bike no rolo não é nada convidativo. Um amigo parece saber o que o outro pensa. E Rob mandou o link da página do triatleta canadense Lionel Sanders, detentor do melhor tempo registrado em uma prova de Ironman. Detalhe: 95% dos treinos de bike do carinha são indoor. Ou seja: o maluco pedala mesmo é no rolo, véi. Aproveitei pra aprender um pouco mais com o Roberto acerca desse tipo de treinamento.  

É suado
         Roberto Lemos é gaúcho. Daqueles invocado, que parece não ter muita afinidade com o sorriso. Ao menos é a impressão que passa pra quem conversa com ele pela primeira vez. Dono de um coração do tamanho do Titanic, está sempre pronto a compartilhar seus conhecimentos de triathlon com quem o procura. E olhe que ele entende pra caramba. Este ano, Rob completa cinquenta anos de idade e trinta de profissão. E desses trinta, vinte e seis foram dedicados ao esporte das três modalidades – natação, bike e corrida. Todo esse tempo já permite que muitos profissionais se aposentem, mas ele pensa diferente: “estou apenas na metade do caminho”. O que ele pensa sobre os treinos indoor? Bora saber então. Com vocês, a palavra do treinador da Iromind, Roberto Lemos.

O treino indoor é importante pra todos os níveis de atletas. É muito mais do que um paliativo pra os dias de chuva ou pra quem não tem tempo de pedalar na estrada. O treino no rolo oferece várias vantagens, e dentre elas podemos destacar:

- O atleta se concentra apenas no treino e nas suas métricas (cadência, potência, frequência cardíaca e percepção de esforço), bem como nos intervalos de descanso. Isso não acontece quando o atleta está na rua e tem que prestar atenção no trânsito e na pilotagem da bike.

- O treinamento intervalado no rolo é consagrado como sendo a chave para a melhora da performance através da melhora consistente da capacidade aeróbia máxima (VO2), limiar anaeróbio e capacidade anaeróbia. Isto será efetivamente atingido com treinos de curta duração e programados.

- O atleta aprende a usar os seus limites através dos números e a perceber e avaliar variações individuais como a cadência ideal para cada intensidade e a melhor aplicação da força na pedalada (técnica).
Mesmo assim, o atleta precisará de alguns treinos mais longos onde o ambiente outdoor pode oferecer melhores condições e, é claro, maior satisfação.   

Não tem moleza, tem concentração
         Por fim, pergunto se o rolo pode estragar a bike. E ele responde: “Sim, pode danificar a gancheira  ou o quadro; e é preciso ter cuidado pra não apertar demais a blocagem ou deixar folgas”. E completa: “É preciso um cuidado especial quando for um rolo mais simples, tipo o teu. Hahaha”. Pô, coach, assim tu me quebra. Depois desse papo, fiz meu treino no rolo muito mais satisfeito.

Resumo do treino no rolo
Tempo: 1h05
 - 20’ giro moderado progressivo incluindo 5 sprints de 30” com 110 rpm.
- 4x4’ big gear c/60 rpm c/2’ de giro moderado
- 2x 6’ carga média a 80% aumentando a cadência a cada 2’, com 2’ moderado
- 5’de giro moderado


Foi suado, viu. Vou aproveitar o barulho dessa chuva e botar a cama nas costas. Vlw.

6 comentários:

  1. Nestes tempos de chuva e transito voraz. Rolo que pega e queima as pernas.

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  2. Bem isso. Mas pelo que o coach disse, acho que vou colocar um treino desse em minha rotina diária.

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  3. Muito bacana. Em 2015 quando eu fechei a série do Audax de 200 a 600k, mais da metade dos meus treinos foi em rolo e sempre entre 1 e 3 horas ao menos.

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