domingo, 5 de março de 2017

Um ET pedalou comigo hoje

Gile, Pina e Heverton, pareceria pra lá de boa
          Ao som da Banda do Zé Pretinho, desci a serra pra encontrar meus colegas triatletas que acordam cedíssimo no domingo pra pedalar nas montanhas. A ideia era sair às 6h30, mas sabe como são ideias, né? Primeiro meu amigo Michel Bruggeman enviou um zapzap dizendo pra esperar porque ele estava um pouquito atrasado. E depois, quando cheguei ao posto Serra Mar, encontrei uma penca de pessoas saudáveis e super legais que desde ontem não via. Hahaha. Pronto, lá se vai meia hora de papo. Que Zé Pretinho que nada, quem iria animar a festa seria meu parceiro Pina.  Rafael Pina, pra coisa ficar um pouquinho menos informal. “Zé Pretinho que nada”, sacou? A música do Jorge Ben, mô filho. “A banda do Zé Petinho chegou para animar a festa”, é o que diz a letra. Ah, quem conhece a música conhece, quem não conhece faz de conta que conhece e segue o jogo. Farei, prometo, um resumo do meu longo lá no fim do post. Porque o texto hoje é desse ET chamado Pina. Pra quem não conhece, vou dizer quem é esse cara.

Pina antes do treino de hoje
          Rafael Pina Pereira é manezinho da ilha. Tem, entretanto, um pezinho no Nordeste – o pai é pernambucano. Apesar de eu continuar achando que ele veio de outro planeta. Porque pra ser engenheiro eletricista, casado e pai, e fazer o que esse guri faz no esporte não é pra um reles terráqueo. Hahahahaha. Quando criança fez judô, natação, atletismo e voley. Nunca se acertou, por incrível que pareça, foi com o tal do futebol. “Nunca consegui chutar uma bola”, disse-me hoje enquanto a gente queimava as pernas pedalando pelos Alpes Anitapolenses.  Ao dezesseis anos começou a escalar e só parou porque a universidade falou mais alto. Retornaria, portanto, mais tarde. Mesmo assim, entre uma aula e outra encaixava corrida e natação. Esse menino é de outro planeta, tô dizendo. Vamos fazer o seguinte: Pina vai contar pra gente como foi o treino dele hoje. Depois, por mais sem lógica que pareça, continuarei contando mais a respeito dessa referência do triathlon catarinense. E se eu fosse você, iria até o fim do texto. Hehehe. Fala aí, Pina.

O longo deste domingo saiu num percurso espetacular e que eu não tinha completado ainda. Do posto Serramar, tradicional parada da galera aos domingos, até Anitápolis. Ida e volta, claro. Só que o Gile decidiu aquecer um pouco e seguimos por 10km em direção a São Bonifácio primeiro, pra entrar na subida da BR-282 com os cambitos aquecidos. Como referência é uma coisa  interessante. Eu nunca tinha pedalado aquele trecho da 282 e achava que o trevo pra Rancho Queimado e Anitápolis era “logo ali”. Só  que era bem láaaaaaaa longe – uns quinze quilômetros. E com novecentos metros acima da cabeça. Que pedal legal. Visual excelente e com pouco trânsito às sete da manhã. Mas o calor já dava o ar da graça.

No trevo, rumamos pra terra da Anita (deve ser, imagino), numa estrada perfeita e verticalmente desequilibrada. Visual pra todos os lados espantava o cansaço. Era parreiral, pinheiral, igrejinhas e casas de campo. O Décio, amigo e triatleta que estava com a gente, voltou um pouco antes porque tinha compromisso. E seguimos na descida que era cheia de subidas até a metrópole. Na cidade procuramos um local pra abastecer as caramanholas e achamos uma lanchonete. Os três – Michel, Gile e eu – só com os R$25,00 do Michel pra repor os líquidos evaporados. Uma vez abastecidos, voltamos e encontramos o Lamartine chegando. Lamartine é outro amigo e triatleta da Iromind.

Subi contínuo de volta até a 282, ritmo moderado. Na verdade pedalei moderado o tempo todo, exceto nas subidas mais longas, sempre entre 80 e 90% do FTP. Isso é bastante mas é por pouco tempo. Então a média ficou exatamente onde tinha que ser, a 75%  na zona onde mora o endurance. Na 282, literalmente despencamos até o posto, onde nos reunimos para abastecer novamente. Sorvi um litro de água de coco e meio gatorade antes de dar tchau pra turma e rumar pra casa, já sob o risco de perder o almoço. Foi um baita treino, espetacularmente bonito, difícil como tem que ser e com ótima parceria. Ah, sobre minha alimentação: no pré treino foi uma tapioca gigante de presunto, manteiga e queijo com dois expressos. Durante o treino foram duas medidas de Vo2 (Aproximadamente 100g de carbo), três bisnaguinhas com doce de leite e um gatorade e meio. Quando cheguei em casa tomei meia medida de whey e, meia hora depois, almocei um prato maior que eu com arroz, feijão, carne, farofa e um brócolis inteiro,  com melancia de sobremesa.

Michel, Pina e Eu em Anitápolis
        Voltando ao assunto Pina, ele começou a correr mesmo em 1996, quando se preparava para fazer escaladas em rochas e altas montanhas. A corrida tornou-se, porém, um objetivo e não uma mera coadjuvante. Em 2009 ele veio para o mundo das três modalidades e fez seu primeiro Ironman, concluindo com o tempo de 12h08’. Continuou escalando. Em 2013 conquistou o teto da Europa, o Mont Blanc. Em 2014 correu sua primeira ultra de 100km, a Indomit Costa Esmeralda. E fez mais um monte de palhaçada. Porque isso só pode ser palhaçada. Kkkkk. Em 2015 Pina correu o primeiro Ironman 70.3 no Brasil e conquistou vaga pra o mundial. De lá pra cá foram oito Ironman e um Fodaxman. O Fodaxman merece um capítulo especial, mas como ele já está bem relatado no blog Relatosderesistência, do próprio Pina, basta você acessar daqui mesmo.


Pedalar com esse cara é uma honra pra mim. Referência da Iromind, tanto como atleta como pessoa, Pina está sempre disposto a ajudar os colegas. Por isso não me canso de afirmar que sou fã desse cara. Embora, vale ressaltar, continue achando que ele faz visitas a uma certa nave mãe que pousa todos os meses lá pras bandas de Urubicí. Hahaha. Vlw, parceiro.

Resumo do meu treino
Distância: 123,2km na montanha
Tempo: 4h57
Ritmo: 24,9km/h
Ganho de elevação: 2.130m

Alimentação
Pré treino: 1 copo de café com leite
Durante o treino: 2 bananas, uma maçã’, um gatorade e meio e um torrone de 140g

Pós treino: um torrone, um gatorade e 200ml de água de côco.

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