segunda-feira, 10 de abril de 2017

A última tentação de Gile

Com o treinador e amigo Roberto antes da largada

         Antes de mais nada, este post não é chororô. Não é mimimi. É minha experiência no TH3 de ontem, 09/04/2107. TH3 é Triathlon Hard de Caiobá, prova equivalente ao Iroman 70.3, onde nadamos 1900m, pedalamos 90km e finalizamos com 21km de corrida. Quem vem  me acompanhando sabe do meu problema de saúde, ou melhor, da falta dela devido a herpes zoster, que nada tem a ver com herpes nos lábios e similares. Sexta passada não treinei. O desconforto era grande e optei por descansar. Às vésperas de uma competição, fiquei temeroso. Será que dá pra fazer a prova, será que vou comprometer mais ainda a saúde e ficar fora do Iroman Brasil 2017? Decidi ir e fazer a prova como um teste. Ora, se o corpo não aguentasse a pancada é porque não estava preparado pra o Iron pouco mais de um mês depois. E o melhor a ser feito seria desistir do Iron e cuidar mais da saúde. Preocupadas comigo, várias pessoas me pediram pra ser cauteloso, pra ir com calma e até pra desistir da prova. Fui. Mas fui muito tranquilo, ciente de que, caso amanhecesse com muitas dores não largaria. Precisaria de condições físicas razoáveis pra entrar no mar.

Na balsa pra Caiobá
         Viajei com o coach, que além de treinador é um grande amigo. E Roberto foi me dando todo suporte psicológico e profissional necessários. Em Caiobá, dividi o apartamento com Roberto e outros quatro amigos da Iromind – Danton, Marcos, Ângelo e Wilter. Por ser médico, Danton procurou me passar tranquilidade e foi enfático ao dizer que “você fará a prova sem problema e vai fazer uma boa prova”. Os meninos acharam melhor que eu ficasse num quarto separado pra não ser incomodado. Acho mesmo é que eles não queriam que eu os incomodasse durante a noite. Hahaha. Amanheci o dia bem, sem dores. Tomei os remédios necessários e fomos pra peleia. Fiz o aquecimento no mar e me senti ótimo. O ambiente ajuda muito nessas horas. A ideia era não forçar muito, ser comedido e usar a cabeça. Não estava competindo, estava treinando, conforme frisou Roberto. E assim foi. A natação era em duas voltas. Na primeira procurei sair do meio do furdunço pra evitar os costumeiros choques com outros atletas. Na segunda, com o cardume disperso, fiz uma navegação bem precisa.

ângelo, Wilter, Marcos, Roberto e eu
         Hora de subir na bike e gastar os cambitos. Estava ciente de que não podia me empolgar e acelerar demais. E fiz um pedal firme, consistente e moderado. Conservador, podemos dizer. Aí é que entra a tentação. Sabendo que estava em meia fase, percebo os pelotões passando por mim. Ora, em provas longas o vácuo é proibido. Em determinado momento um grupo com cerca de dez atletas encosta em mim. Quando  percebem a presença de um arbitro, aceleram e me ultrapassam. Foi como se eu tivesse sendo rebocado. O vácuo criado por eles era tanto que eu nem precisava pedalar. Nesses momentos é preciso muita cabeça pra não jogar fora nossos princípios e ética. Diminui e esperei eles irem embora. na primeira subida eles baixaram a velocidade e fiz a ultrapassagem. No plano, mais uma vez eles atacaram. Fiquei tão indignado por ter que diminuir o ritmo que apelei com o árbitro pra ele tomar uma decisão. Ele encostou ao lado da galerinha e começou a gesticular pra que o grupo se dispersasse. Só uma moça acatou a ordem vinda da arbitragem e se retirou do pelotão. Cheguei inteiro pra correr. Sem dor nenhuma.


         Assim que começo a corrida, o líder da prova – Igor Amorelli – encosta ao meu lado. Permiti-me uma empolgação e fiz o primeiro quilômetro no ritmo dele – 4’30. Só pra ver se algum fotógrafo fazia uma foto nossa. Hahaha. Em seguida tirei o pé porque sabia de minhas reais condições. Assim como divido minha corrida nos treinos, divido nas competições também. Eram três voltas de 7km. Quando iniciei a terceira volta senti um leve desconforto, mas sabia que era a reta final. Apertei o ritmo e cruzei a linha de chegada num sprint com outro atleta. Depois da hidratação, voltei o mais rápido que pude para o apartamento. Precisava de um banho e de nova dose de medicamento. “Estava aprovado no teste”, disse-me Roberto. Só uma coisinha ainda me preocupava: como eu amanheceria  no dia seguinte. Acordei bem. Nem parecia que eu tinha feito a prova. Inteiraço.  Então bora focar no Iron. A todos que me apoiaram, muito obrigado. Foi muito bom ouvir, lá no Paraná, pessoas gritando meu nome durante a competição. Vlw.

Resumo do treino
Natação e T1 : 38’55
Bike: 2h32
Corrida e T2: 1h46’41
Tempo total: 4h58’16”
Sétimo tempo da categoria



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