Em Laguna |
Adoro fazer longo de bike. O que não sou muito fã é de
acordar às cinco da manhã e fazer o corre-corre pra estar no Maciambú às sete
horas pra dar a largada. Pra quem não é da região, Maciambú é um lugar no
município de Palhoça, na Grande Florianópolis. Nesta época do ano, triatletas
que estão em fase final de preparação pra o Ironman costumam se reunir num
posto de gasolina às margens da BR-101 e fazer seus longos de ciclismo. O asfalto
no acostamento é limpo, largo e tem poucas entradas e saídas de pista. Sendo assim,
podemos ficar mais tempo clipado. Mais uma vez fiz meu amigo Michel Bruggeman
me esperar. No próximo treino tenho a obrigação de chegar no horário. Minha esposa
me levou até lá e seguiu pra Floripa. Michel havia combinado de me levar em
casa depois do pedal. O dia estava perfeito pra irmos até Laguna e voltar. Vinte
graus e um céu límpido prometiam todas as condições pra gente se divertir. E foi
bem isso que fizemos. Partimos às 7h25, de boa, trocando ideias. Pra variar,
Michel furou o pneu. Hahaha. Aproveitei pra descansar enquanto ele fazia a
troca. O vento era contra, mas fraco. “Na volta o vento vai estar a nosso favor,
Gile”, lembrou meu amigo belga. Sussurrei só pra o meu ouvido esquerdo escutar:
‘tomara’.
Especialidade do Michel? hahaha |
Depois de setenta e cinco quilômetros, paramos na belíssima
ponte estaiada de Laguna e fizemos as fotos pra o Facebook. Se não tem foto, amizade,
é como se não valesse. Vamos combinar: não estamos mais na idade da pedra, fio.
Se temos internet, porque não usar? Se podemos compartilhar nossos momentos,
porque não fazer isso? A tecnologia nos fez celebridades, ao menos para um
punhadinho de amigos. Hahaha. Quando fizemos o retorno, procuro o tal do vento
favorável que Michel previra. O danado virou e ficou mais uma vez contra a
gente. Não demorou muito e comecei a pagar o preço pelos dias sem treino, pelo
TH3 e pelo desgaste da semana. A coxa esquerda começou a repuxar. Eu nunca
havia tido câimbras. Nem em treino, nem em prova, nem em coisa alguma. Ela veio,
porém. Procurei alongar enquanto pedalava. Quando melhorava e retomava o ritmo,
a safadinha voltava. Depois de 110km, paramos num posto de gasolina. Aproveitamos
pra relaxar, comer e nos hidratarmos. Na saída falei pra o meu parceiro: ‘bem
que o carro poderia estar aqui’. Coloquei mais dois gatorade nas caramanholas e
um saquinho de doce de leite no bolso da camisa. Olha, a volta foi sofrida. Ainda
bem que a câimbra era só numa perna. Mas era um tal de dar câimbra, alongar,
acelerar, voltar a câimbra, realongar... ui. E o doce de leite deu um certo ar
de festa pra o corpitcho do Gile. Uma tentativa de acalmar o psicológico.
Funcionou. Michel estava mais inteiro e veio na frente. Só depois me lembrei de
que eu não tinha câmara de ar reserva. Se furasse, eu tava frito. Usar pneu
duplo tem suas vantagens, tenho dito.
Ufa, acabou |
Até hoje, entretanto, nunca me perguntei ‘o que
estou fazendo aqui?’. E ao fim de 154km eu descia da bicicleta e desligava o
garmim. Se o treino foi bom ou não? O tempo dirá. Pra mim, com dor ou sem dor,
rápido ou lento, treino é sempre muito bom. Embora alguns pareçam não ter
rendido, eles sempre são proveitosos. Entramos na lanchonete do posto e
voltamos à hidratação. O pior dos alimentos nessa hora é mais que bem vindo. Ah
coca cola deliciosa. Um energético veio a calhar também. Depois, conforme
combinado, Michel viajou até a Daniela pra me levar em casa. Pensei que ele
estivesse pregado, mas quando recusou o almoço percebi que o cara tá forte.
Valeu a parceria, meu brother. "E onde tá a diversão que você falou no início, Gile"? Pô, foi divertido pra caramba. Ao meu jeito, claro. hehehe
Distância: 154,7km
Tempo: 5h16
Ritmo: 29,3km/h
Cadência: 76 rpm
Nenhum comentário:
Postar um comentário